É simples, é óbvio, é bom e… é Moody’s

“Era uma banda do meu tempo, The Moody Blues. O nome era para a desgraça, moody é ser carrancudo, com blues é ter neuras. O grupo tinha uma canção, “Talking Out of Turn”, que, desde o título, nos aconselhava a não dizer tolices. Foi sempre assim, pegando com pinças, que aprendi a ler as notações de outra carrancuda, Moody’s, a agência de rating.

A Moody’s já foi apóstolo da desgraça – e como ronronavam de prazer os que adoram ser atirados para lixo – mas hoje deu-nos um ar da sua graça. Parece, diz ela, que ter um Orçamento aprovado é bom. Disto gosto, nas agências de rating. Ouvi-las dizer coisas óbvias. Aí, elas são muito úteis para nós. É que por vezes é mesmo necessário ouvir lá de fora o que é evidente, quando por cá dentro isso é negado.

Sem emitir qualquer juízo sobre a bondade e prosperidade deste OE 2016, tenho dito aqui o que a Moody’s diz agora: conseguir as condições políticas para haver um Governo e que ele consiga aprovar um Orçamento, é bom. Melhor do que ser atirado para um impasse e novas eleições.

Logo, ter-se negado, primeiro, que António Costa pudesse governar (recusando-lhe, até, o tratamento de “primeiro-ministro”) e, depois, insistindo em chamar geringonça ao Governo, foi uma atividade espúria, indigna de políticos e comentadores. Levar com uma lição de moderação da Moody’s deve ser duro…

O problema connosco é que temos sempre de perder tempo e muito esforço antes de chegar ao ponto de partida. Uff, com um empurrãozinho lá de fora para percebermos, chegámos! Agora, já me permito dizer: sim, também suspeito que vai ser difícil cumprir este Orçamento.”

Ferreira Fernandes

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