Boavista Futebol Clube

“Um grupo de amigos, entre ingleses e portugueses, que residiam na zona da Boavista, decidiu avançar para a formação do “The Boavista Footballers”. Corriam os anos conturbados de uma monarquia a chegar ao seu termo, e em que acontecimentos desportivos não tinham grande expressão e se limitava a servir de passatempo a algumas figuras da alta sociedade.

Embora alguns estudiosos sejam da opinião que o clube nasceu antes, é a data de 1 de Agosto de 1903 que prevalece, oficialmente, no aparecimento do “The Boavista Footballers”. Não se conhece um nome priveligiado da sua fundação, mas sim o de um grupo de entusiastas portugueses e ingleses, que esteve na génese do clube.

Sem dúvida, Harry e Dick Lowe foram os que mais se empolgaram pelos jogos a que assistiram entre os técnicos da fábrica Graham. Não tardou, porém, que se lhes juntassem Francisco Bastos, John Jones, Joaquim Fereira, Ângelo Seixas, Manuel Ribeiro da Silva e Ricardo Costa. E como o pai de Lowe lhes ofereceu uma bola trazida de Inglaterra, ficou a faltar o terreno para que se dessem os primeiros pontapés.

De imediato surgiu a ideia de alugar um terreno no Bessa, que era propriedade de António da Costa Mascarenhas, e uma casa, na Rua do Pinheiro Manso. Assim nasceu o “The Boavista Footballers”, que logo teve uma direcção composta por ingleses, mas que integrava dois portugueses: Pedro Brito e Maximiano Pereira. Sucederam-se os jogos, principalmente disputados frente à extensa comunidade inglesa radicada no Porto, e em que o principal adversário era o “Oporto Cricket”.

De 1905 em diante cimentou-se o desenvolvimento dos “Footballers”. Os portugueses principalmente na área da Boavista, aderiram completamente à ideia implantada pelos ingleses e contribuíram para o desenvolvimento do clube.

No entanto, em 1909, desencadeou-se uma questão insólita. É que respeitando a fé da igreja anglicana, a maior parte dos ingleses recusava-se a jogar ao domingo, o que contrariava as ideias dos portugueses, que tinham no domingo o único dia livre da sua actividade profissional.

Daí a necessidade imperiosa de haver uma reunião para encontrar uma saída. E foi essa a primeira Assembleia Geral do Boavista, que acabaria, por sinal, por consolidar os pontos de vista dos sócios portugueses, e levar a uma espécie de ruptura e algumas alterações na vida do clube. A direcção inglesa desistiu de manter o aluguer do campo, mas o proprietário António Mascarenhas acedeu a arrendá-lo aos portugueses, que passaram a ter uma nova Direcção, constituída por Pedro Brito, João Fernandes, Domingos Rodrigues e Maximiano Pereira, todos eles praticantes de futebol e que não abdicavam do domingo para os seus jogos.

Nessa altura os jogadores envergavam camisola e calções pretos, mas em 1920 passaram a usar calção branco e camisola preta, o que determinou nova quebra de vínculos com o passado.

Acabava o “The Boavista Footballers” e nascia o BOAVISTA FUTEBOL CLUBE.

Hoje esse pequeno clube de bairro extravasou tudo quanto era de esperar. E com um vasto e rico historial, o “The Boavista Footballers” deu lugar a um clube pujante, ecléctico, moderno – o Boavista Futebol Clube -, palpitante e modelar. Pelo caminho ficaram muitos heróis, muitos pioneiros que souberam imprimir o seu carácter ao perfil de um clube que tem passado algumas vicissitudes, mas que sempre as soube contornar, para entrar no Século XXI com o passo acertado pelas mais avançadas metodologias. Por isso, no espaço de um século o Boavista fez esquecer os “Footballers” para dar lugar ao “Boavistão” que em 2001 atinge o ponto mais alto e significativo da sua já longa existência ao conquistar o título de campeão nacional.”

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